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Resultado Líquido Operacional: o que é e como calcular?

Tempo de Leitura: 8 minutos
Resultado Líquido Operacional
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Entre os relatórios financeiros e contábeis de uma empresa, alguns dados recebem mais atenção, enquanto outros são menos observados. Um desses dados, que consta no Demonstrativo de Resultado do Exercício das empresas, é o Resultado Líquido Operacional.

Por não ser o faturamento, mas ainda não significar também o lucro, muitas vezes é um item ignorado nos números do negócio. Mas ele tem sua importância nas análises financeiras e no desempenho, além de ter papel importante em medições nas quais se utilizam outras informações para comparação e/ou complemento.

Neste texto, vamos explicar o que é esse resultado especificamente, como ele se diferencia de outros que constam em relatórios contábeis, qual é sua importância e por que analisar corretamente o DRE. Acompanhe!

O que é Resultado Líquido Operacional?

Esse resultado é obtido após a redução de valores dos impostos sobre as vendas e, se houver, devoluções efetuadas por clientes.

Como a palavra “operacional” refere-se às atividades principais da empresa, no Resultado Líquido Operacional apenas constam as suas vendas. Assim, se o negócio tiver gerado caixa vendendo um ativo, como um carro em nome da empresa, e obtendo lucro em aplicações financeiras, tais ganhos não são computados nesse resultado.

O termo “líquido” refere-se a um valor que a empresa põe para dentro de seu caixa, como o lucro. No caso do resultado líquido das operações não é bem isso o que ocorre, pois posteriormente outros valores reduzem o seu número até que ele seja finalmente um valor líquido. Porém, dentro do contexto da receita proveniente das operações significa que é o que sobra delas após deduções de tributos e devoluções.

Na contabilidade, mais especificamente no DRE, após o Resultado Líquido Operacional ainda temos outros níveis de resultados em sua estrutura, como o Lucro Bruto.

O Lucro Bruto é o resultado líquido das operações com o desconto das despesas de vendas e as compras de produtos. Depois disso e de mais deduções, chegamos ao Lucro Líquido antes do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).

Esse nível de resultado da estrutura do DRE ultimamente citado, um dos últimos da demonstração, é obtido subtraindo-se despesas administrativas e gerais do Lucro Bruto.

Qual é a diferença entre Resultado Líquido Operacional e Resultado Líquido?

O Resultado Líquido de uma empresa, também expresso em seu DRE, é o lucro efetivo do período apurado no relatório, geralmente um ano.

Ele é o último nível de resultado da demonstração, exposto logo após o Lucro antes do IRPJ e da CSLL e da provisão dos valores de ambas os tributos, se forem cobrados sobre o lucro no regime tributário da empresa.

Caso o regime tributário dela não imponha imposto sobre o lucro, como no Simples Nacional, o lucro antes dos tributos acaba sendo o mesmo número do Resultado Líquido do Exercício.

A diferença entre o Resultado Líquido geral e o operacional é que o primeiro efetivamente significa lucratividade, enquanto o segundo é um resultado específico das vendas, excluindo outras várias despesas relacionadas a elas ou não, após a subtração de impostos e devoluções.

Afinal, Resultado Líquido Operacional e EBITDA são a mesma coisa?

Como já explicamos o que é o Resultado Líquido Operacional neste texto, vamos agora explicar o que é o EBITDA.

A sigla EBITDA significa Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, cuja tradução é Lucro Antes dos Juros, dos Impostos, da Depreciação e da Amortização, cuja sigla em português é LAJIDA.

Na prática, é um dos indicadores utilizados para analisar o desempenho financeiro operacional — de geração de caixa — da empresa.

Geralmente, o EBITDA é aplicado na análise de companhias que vendem ações na bolsa de valores, gerando assim receitas financeiras e ganho de capital, ao mesmo tempo pagando impostos e tendo outros gastos em tais operações do mercado acionário.

Portanto, utiliza-se o EBITDA para avaliar essas organizações, levando-se em conta apenas suas vendas de produtos e/ou serviços, quando é possível perceber qual é sua capacidade de geração de caixa apenas proveniente das atividades principais.

Também por isso é que fatores como a depreciação e a amortização não reduzem o resultado do EBITDA, para que sua capacidade de fazer fluxo de caixa com as operações fique isolada e seja mais bem percebida.

A amortização e a depreciação de uma empresa significam respectivamente a perda de valor de ativos intangíveis, como licenças de softwares, e tangíveis, como veículos e imóveis. Como são dados da contabilidade, têm capacidade para reduzir os resultados de um negócio, e por isso também precisam ser excluídos em uma análise que apenas objetiva estudar a capacidade de fazer caixa.

Caso fossem incluídos esses dois fatores, os resultados mostrariam equivocadamente um potencial mais baixo de geração de caixa.

Como calcular o Resultado Líquido Operacional?

Para fazer o cálculo é preciso estabelecer primeiramente um período para o resultado. Depois, os seguintes números precisam ser elencados:

  • valor bruto das vendas;
  • impostos diretos incidentes sobre essas vendas;
  • e possíveis devoluções de vendas que tenham sido feitas.

Então, basta subtrair os dois últimos valores do primeiro. Por exemplo:

  • vendas do mês: R$ 100 mil;
  • Impostos diretos: R$ 15 mil;
  • devoluções feitas: R$ 3 mil;
  • Resultado Líquido Operacioanl do mês: R$ 82 mil.

Seguindo os demais resultados, conforme a estruturação do DRE, subtrairemos do valor obtido as despesas de vendas e chegaremos ao Lucro Bruto:

  • Resultado Líquido Operacional: R$ 88 mil;
  • despesas de vendas (compras de estoque): R$ 20 mil;
  • Lucro Bruto: R$ 68 mil.

Depois do Lucro Bruto, o DRE apresenta o resultado do Lucro Líquido:

  • Lucro Bruto: R$ 68 mil;
  • despesas de folha de pagamento, administrativas, com transporte, aluguel e outras: R$ 30 mil;
  • Lucro Líquido: R$ 38 mil.

Agora, já temos o Resultado Líquido do Exercício, que será o mesmo que o Lucro Líquido caso a empresa opte pelo Simples. Não sendo, são descontados do lucro líquido o IRPJ e a CSLL, resultando no valor líquido final para o exercício.

O Resultado Líquido do Exercício também pode ser alterado em relação ao Lucro Líquido pelas retiradas de lucro dos sócios. Por exemplo:

  • Lucro Líquido: R$ 38 mil
  • retirada de lucro do sócio João: R$ 5 mil;
  • retirada de lucro da sócia Marcela: R$ 5 mil;
  • Resultado Líquido do Exercício: R$ 28 mil.

Qual é a importância de acompanhar o Resultado Líquido Operacional?

Apesar de não ser muito abrangente em seu cálculo, e mesmo no DRE, a receita líquida proveniente das operações é importante porque revela principalmente a lucratividade que a empresa tem na relação compras de fornecedores x vendas.

Um resultado muito baixo indica que as vendas não estão gerando a receita esperada, o que pode ser causado por compras muito onerosas, precificação errada e ainda por ambos os fatores. Então, visualizando o resultado é possível saber que uma atitude se faz necessária, até porque se esse resultado é baixo os demais também serão, após computados todos os custos.

Caso o negócio venda mais de um produto e tenha um mix bem diversificado, calcular o resultado líquido de vendas pode ajudar também a encontrar itens que estão puxando os números para baixo. Por exemplo:

  • receita bruta de vendas: R$ 200 mil;
  • compras do produto A: R$ 50 mil;
  • compras do produto B: R$ 15 mil;
  • compras do produto C: R$ 13 mil;
  • compras do produto D: R$ 19 mil;
  • compras do produto E: R$ 12 mil;
  • devoluções de vendas: R$ 4 mil;
  • Resultado Líquido Operacional: R$ 87 mil.

No exemplo, o produto A tomou 25% de toda a renda bruta do período. Dependendo da empresa e de seu mix, isso pode estar correto ou não. Não estando, o detalhamento das despesas de vendas ajuda na identificação do fator que afeta a lucratividade de uma maneira que não deveria.

Outro item que pode ser analisado no detalhamento do resultado são as devoluções. Um volume muito alto delas indica que há problemas nas vendas, nos produtos, no atendimento ou em qualquer outro quesito das operações, o que precisa de correção para que não siga ocorrendo e dando prejuízo.

Qual é a importância de analisar o DRE?

O DRE é abrangente ao elencar receitas e despesas e entregar seus resultados. Por isso, é um documento importante para a gestão da empresa, que sempre deve andar ao lado de dados confiáveis para embasamento e auxílio da tomada de decisões estratégicas.

Pela demonstração as despesas não só de compras de mercadorias podem ser avaliadas, assim como o impacto delas na lucratividade geral.

Confrontando o Resultado Líquido Operacional com o resultado final líquido do exercício em questão, por exemplo, analisa-se qual é o grau de sucesso das operações para as finanças. Caso o resultado não seja bom, é preciso identificar os fatores que atrapalham o bom desempenho financeiro, aqueles que ficam entre o primeiro resultado e o último da estrutura do DRE.

Outra possibilidade é a utilização do DRE no planejamento tributário. Para empresas não optantes pelo Simples Nacional, os impostos diretos e os que incidem sobre o lucro são separadamente expostos no relatório. Já para optantes, eles constam em apenas um item.

De qualquer forma visualiza-se claramente o impacto da carga tributária no negócio e na sua margem de lucro. Então, basta fazer uma simulação de como seria esse impacto por outro enquadramento e comparar o resultado obtido com o atual. Dependendo da resposta a decisão de trocar de regime tributário já pode ser tomada.

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Como fazer análises técnicas do DRE

Existem duas maneiras de analisar tecnicamente a demonstração para extrair respostas de indicadores: horizontal e verticalmente.

Na análise horizontal o que se faz é expor um ou mais relatórios de períodos diferentes lado a lado para calcular percentuais de aumento ou redução na performance detalhadamente. Assim, os demonstrativos são comparados e seus percentuais de progresso ou regresso são colocados ao lado dos resultados.

Por exemplo, no DRE do penúltimo ano o Lucro Bruto foi de R$ 500 mil e o Resultado Líquido do Exercício foi R$ 400 mil. Já no último ano esses resultados ficaram respectivamente em R$ 560 mil e R$ 440 mil. Então, ao lado de ambos, depois da comparação, as respectivas porcentagens de aumento, 12% e 10%, são preenchidas.

Sucessivamente, como todos os níveis de resultados da demonstração, os percentuais vão sendo colocado até que se tenha uma visão geral do que ocorreu entre os períodos e se isso foi bom ou ruim.

Por outro lado, na análise vertical utiliza-se apenas um documento, pois ela serve para observação de quanto significam as despesas em relação ao faturamento bruto somente de um período. Assim, ao lado das despesas são preenchidas suas porcentagens em correspondência à receita total de vendas.

Por exemplo:

  • receita bruta de vendas: R$ 1 milhão
  • impostos diretos: R$ 164 mil (16,4%)
  • devoluções: R$ 18 mil (1,8%)
  • Resultado Líquido Operacional: R$ 818 mil
  • despesas de vendas (compras de mercadoria): R$ 496 mil (49,6%)
  • Lucro Bruto: R$ 322 mil
  • despesas gerais e administrativas (folha de pagamentos, transporte e outras): R$ 150 mil (15%)
  • Lucro Líquido Antes do IRPJ e da CSLL: R$ 170 mil
  • provisão de IRPJ: R$ 16.750 (3,35%)
  • provisão de CSLL: R$ 14.800 (2,96%)
  • Resultado Líquido do Exercício: R$ 138.450.

A análise verticalizada serve principalmente para avaliar um período especificamente, e não o progresso histórico da empresa. Ela tem como objetivo identificar se a estrutura de custos da empresa é condizente com seu faturamento, levando em conta também suas margens de lucro para o mercado de atuação.

Conclusivamente, podemos ver que o muitas vezes ignorado Resultado Líquido Operacional é importante para a gestão, mesmo não sendo abrangente. Porém, para melhor uso dele em análises e tomada de decisões, devemos conciliá-lo com os demais resultados fornecidos pelas demonstrações contábeis.

Aliás, utilizar mais e melhor o DRE, principal fonte do resultado líquido das operações, e todas as informações de sua estrutura também é muito útil para a administração de uma empresa.

Dessa forma, consegue-se aplicar ao negócio o conceito da contabilidade gerencial, cuja finalidade é implementar técnicas e relatórios contábeis comuns da empresa ao seu gerenciamento, orientando os resultados em todos os setores.

Se você pretende ter um negócio de sucesso, os conceitos e dicas que passamos neste conteúdo são muito importantes e devem ser levados para a prática. Porém, existem muitas outras ações que influenciam no progresso empresarial. Por isso, baixe o nosso guia do negócio de sucesso para novos empresários e construa a sua história de crescimento.

Redator vhsys

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